terça-feira, 9 de julho de 2013

BOURDIEU - SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO



SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO /  MANHÃ / MARIA TEREZA
EXERCÍCIO 4 / BOURDIEU
DATA:  18.05.06
ALUNOS: RAQUEL TELES / ROGÉRIA FERREIRA / SORAYA MARTINS



BLOCO 2 / QUESTÃO 1


Como Bourdieu, acalentamos a expectativa de que o ensino universalizado, acessível a toda a população brasileira, fosse capaz de impor uma transformação social que viesse diminuir os profundos desníveis socioculturais da sociedade como um todo; mas, infelizmente, esta expectativa ainda não se concretizou.

O que se constatou na “educação em massa”, seja na França ou no Brasil, foi o fenômeno que chamam de “queda de nível do ensino”, principalmente o público, associada ao ensino de massa “horizontalizado”, que estaria mais preocupado em avançar os alunos às séries superiores do que em sanar as diferenças socioculturais herdadas ao prover experiências (teatro, arte, música) e conhecimentos diversificados às camadas mais populares.

Conforme Bourdieu, o ensino poderia sim acolher um número maior de educandos desde que os recém-chegados fossem portadores das aptidões socialmente adquiridas que a escola tradicionalmente exige (p.57). Mas, na prática, o sistema educacional, ao absorver um grande número de alunos, já estaria fadado a uma crise “percebida” como “queda de nível”, já que os recém-chegados não dominam ou não possuem a herança cultural de seus antepassados - no caso da classe média empobrecida - ou, se provindos de classes mais populares, são desprovidos dela. Além disso, as classes desfavorecidas não chegam à escola com a “boa vontade cultural” da classe média – que, na descrição do autor, seria uma relação de adesão e de confiança intensas sem questionamento ao sistema, já que devem à escola o essencial de seu capital cultural ou colocam nela todas as expectativas de ascenção social.

Também a sociedade como um todo detém sua parcela de culpa nesse processo de reprodução da desigualdade sociocultural, já que ao atribuir à escola a responsabilidade de “educação formal igualitária”,  estaria sancionando e perpetuando as desigualdades socias, ao mesmo tempo em que a legitima, pois, ao conferir à escola uma posição de neutralidade - sob a aparência de uma equidade formal –, permite que o capital cultural e social adquiridos durante anos, por esforço ou por “osmose” pela classe média e pela elite, sejam tratadas como aptidões, dons naturais (como a inteligência) ou mérito, transformando as desigualdades de fato em desigualdades de direito (p.58-59).

Bourdieu acrescenta que para responder “verdadeiramente” ao desafio de desnivelamento do capital cultural e social entre as classes, o sistema escolar deveria dotar-se dos meios para realizar um empreendimento sistemático e generalizado de aculturação, do qual pode prescindir quando se dirige às classes mais favorecidas (p.58).

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