sábado, 20 de julho de 2013

PRODUÇÃO DE TEXTO NA ESCOLA EM COSTA VAL



ALUNO: RAQUEL TELES YEHEZKEL
CURSO: PRÁTICA DE ENSINO DE PORT. / MTE 605: PROFa. GRAÇA PAULINO
TAREFA: FICHAMENTO 1

FONTE: COSTA VAL, Maria da Graça. “O que é produção de texto na escola?”. In: revista Presença pedagógica. Mar./abril, 1998, v.4 n.20, p.83-87.


O QUE É PRODUÇÃO DE TEXTO NA ESCOLA?


O texto discute sobre a produção de textos nas escolas, definindo o termo e propondo estágios para o processo de produção.

- Comparação entre os textos: fazer (dar) composição, fazer (dar) redação, empregados a até a década de 80 e o termo “produção de texto”, empregado a partir de então. (p.83)

- Composição e redação: termos focados no produto em detrimento do processo (atenção à ortografia, pontuação e sintaxe, em detrimento à adequação conceituação e comunicativa); língua pensada como estrutura exterior ao sujeito (Saussure) → dimensão formal da língua mais atraente que seu funcionamento e sua significação. (p.84)

- Com novos modelos teóricos, a partir das décadas de 70 e 80, a concepção formalista, de um sistema fechado, é contestada pelas: teoria da enunciação e do discurso, vertente sócio-histórica da psicologia cognitiva, psicolingüística, ampliando a concepção de língua para a de um sistema mais flexível, sensível ao contexto, que aceita e prevê variações, ambigüidades, inovações no plano formal (do fonema à sintaxe) e semântico (quando de sua utilização pelos falantes em processo de interação verbal) e que se constitui pela ação de seus usuários.

- Mais tarde, a teoria da enunciação de Bakthin, a linha francesa da Análise do Discurso, e a concepção de Vigotsky sobre a linguagem irão inspirar a criação do termo produção de texto (p.85), expressão que inclui a compreensão de que o processo de compor envolve a situação em que ele é elaborado, em que será lido, evidenciando o processo de elaborar o texto e suas condições de produção. (p.84)

- João Vanderley Geraldi (p.85), em 1986, discute a importância de adequar concepção teórica à terminologia, lembrando que redação é uma escrita artificial, tipicamente escolar, feita para cumprir obrigação e demonstrar, para o professor/avaliador, aprendizado de aspectos formais, preocupado com o emprego expressões bonitas e com linguagem nobre de texto escrito em detrimento à legibilidade e coerência enquanto o texto pode ter circulação social, pois é um meio de interação verbal, é a palavra de alguém que tem o que dizer e é destinada a um interlocutor, “um texto escrito na escola, mas não para a escola” (p.85)

- Produzir texto na escola implica em inserir-se num processo se interlocução, assumir-se como locutor, tendo algum motivo, algum objetivo, para algum interlocutor, em determinada situação verbal (Bakhtin), realizando uma série de atividades mentais, recursivas e independentes.
- Atividades mentais:

1) Perceber o contexto comunicativo: as próprias condições (quem sou, de que lugar falo, o que pretendo, o que sei, em que acredito); condições do interlocutor (quem é, que posição social ocupa, do que sabe, gosta , acredita, que expectativa tem nessa situação, que tipo de relação é possível estabelecer com ele);  circunstâncias ambientais e sócio-históricas (em que situação estamos, grau de formalidade necessário, dados contextuais partilhados, conhecimentos, crenças e valores culturais comuns); meio de circulação do texto (livro, jornal, revista, outdoor, bloco de recados).
            A partir desses fatores contextuais toma decisões quanto: ao ato da fala a ser realizado (quero pedir, convencer, explicar, bajular, irritar); tipo de texto mais apto para realizar esse ato (pedido direto, narrativa, argumentação, justificativa, relatório, carta); à variedade lingüística (coloquial, dialetal regional, culto).
2) Dominar o assunto em pauta: ativando a memória, o que saber a respeito dele, selecionar e elaborar aspectos relevantes e pertinentes à situação, organizar as idéias em estrutura semanticamente coerente e compatível com o interlocutor.
3) Trabalho de verbalização: encontrar as palavras e construir as frases, parágrafos, seqüência.

            A primeira e a segunda atividades são de planejamento, pelo menos mental, do que se vai escrever (define linhas gerais, definindo o rumo do texto) e têm a ver com a macroestrutura do texto, a terceira, que tem a ver com a realização dessas decisões se dá no plano microestrutural, é a execução, a verbalização, a manifestação lingüística do que se planejou, por meio da relação de trabalho entre o grafema → palavra → frase → parágrafo.
            Deve-se traçar o plano macroestrutural sem perder as linhas globais, o fio da meada. Ou seja, resolver dificuldades ortográficas, lexicais, sintáticas, estilísticas e de pontuação, sem esquecer os objetivos e o fio da meada do texto, “como um computador com muitas janelas abertas ao mesmo tempo” (p.87).

- Outro tipos de atividades:

1) Monitoração, controle da própria escrita (cortar palavras, refazer frases, trocar frases e parágrafos de lugar, reler o que já se escreveu antes de continuar).
2) Revisão final do próprio texto: avaliação de adequação aos propósitos comunicativos, preparação de sua forma de apresentação definitiva (distâncias entre títulos e texto, destaques, ilustrações).

            Só então o texto estaria pronto para ir ao encontro do leitor.
- Todo esse processo se chama produção de texto, e a sua integralidade que deveria acontecer na escola, não importando o tempo nem quantas linhas, mas “se pôde ser elaborado em condições adequadas, que permitiram ao aluno empenhar-se na realização consciente e prazerosa de um trabalho lingüístico que faz sentido” (p.87).

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