sábado, 20 de julho de 2013

O ENSINO DE PORTUGUÊS EM POSSENTI E PERINI



ALUNO: RAQUEL TELES YEHEZKEL
CURSO: PRÁTICA DE ENSINO DE PORT. / MTE 605: PROFa. GRAÇA PAULINO
TAREFA: FICHAMENTO 2

FONTE: POSSENTI, Sírio. A cor da língua e outras croniquinhas de lingüística. Campinas / SP: Mercado de Letras / ALB, 2001.
PERINI, Mário. “A língua do Brasil amanhã”. In: Ciência Hoje, jul, 2001.


É PONTO DE VISTA QUE... (Possenti)

- Discute a questão da resistência ao novo, afirmando que há duas maneiras de encarar os fenômenos da língua:
  • a primeira seria sob o olhar do guardião, ou seja, a gramática normativa;
  • a segunda sob o olhar do curioso: a gramática descritiva.
- Para os normativos, tudo que não enquadra nas normas é considerado “erro”, mas Possenti acredita que os erros ortográficos sejam freqüentes onde a fala mais se distanciou da escrita, ou seja, falta consistência ao sistema: “descobrimos que, onde falta consistência, há consistência nas hipóteses dos alunos”.
- Dependendo do nível cultural do falante ou de sua aceitação social esses “erros” serão considerados como neologismos, originalidade ou, em oposição, se o falante for discriminado cultural ou socialmente será considerado um erro ou ignorância.
- Por fim, sugere uma postura mais curiosa e refletiva quanto à flexibilidade da língua e às suas mudanças.

É um adjunto, e daí? (Possenti)

- O autor critica as formas de análises praticadas na escola, baseadas na identificação dos termos da oração.
- Cita o exemplo: O chefe disse que ia viajar ontem, sugerindo que a proposta mais freqüente seria identificar o advérbio e dar a sua função, e que a identificação por si só não leva a nada.
- Sugere uma reflexão sobre o advérbio “ontem” na frase, mudando a sua colocação em para outros possíveis lugares, para que o aluno perceba, de forma mais lúdica, que a mudanças sintáticas acarretam mudanças semânticas.
- Cita uma piada que exemplifica esse acarretamento: “Estou com vontade de transar com a Luiza Brunet de novo.” “O quê? Você já transou com ela?” “Não, mas já tive vontade antes.” Assim o aluno faz uma análise sintática e descobre que a graça da piada está justamente na questão da posição do advérbio.


A LÍNGUA DO BRASIL AMANHÃ (Perini)

- Perini critica a posição dos “defensores da pureza do idioma” que acreditam que a língua portuguesa corre os seguintes riscos: desaparecer devido a línguas de cultura mais poderosa (inglês, principalmente), misturar-se com o espanhol, corromper-se por elementos populares.
- Rebate primeiro a questão da influência do inglês, cultura de poder e prestígio, e dos empréstimos lingüísticos que estariam destruindo a língua, argumentando que a maioria das palavras estrangeiras são modismos que passam e que sempre existiram palavras estrangeiras introduzidas na língua: “não há o menor sintoma de que os empréstimos estejam causando lesões na língua portuguesa” e que todas as línguas precisam crescer para dar conta das novidades sociais, tecnológicas, artísticas e culturais e também criar novas palavras através de diversos recursos, ou estender novos significados à palavras antigas (executivo, celular). Conclui, sobre estrangeirismos, que “a estrutura gramatical não mudou”.
- Segundo rebate a questão do português misturar com o espanhol, formando uma outra língua. Nessa questão ele é bem enfático ao afirmar que a mistura de línguas nunca ocorreu em “toda a história conhecida das línguas”. Cita o caso das línguas crioulas como língua de contato, mas não como língua materna. Conclui afirmando que o Brasil não corre riscos, pois está muito longe da situação de “submissão política e cultural”.
- Em terceiro, a argumentação de que a língua portuguesa do Brasil, falada e escrita, tem absorvido elementos populares, rebate mostrando como a língua, como outras instituições sociais, sempre evoluiu à sua maneira, mudando e absorvendo elementos populares: “as línguas evoluem, apesar da oposição, dos esforços e da cara fechada dos gramáticos. Não se trata de ‘perigo’, mas de um processo tão natural...”
- “O perigo existe,sim, quando nos dizem que as língua usada pelos cento e muitos milhões de brasileiros não merece respeito, e que apenas os especialistas é que detêm o poder de ‘falar certo’. Uma atitude mais construtiva é reconhecer os fatos, aceitar nossa língua como ela é e desfrutar dela com toda a sua riqueza, flexibilidade, expressividade e malícia.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário