ALUNO: RAQUEL TELES YEHEZKEL
CURSO: PRÁTICA DE ENSINO DE PORT. / MTE
605: PROFa. GRAÇA PAULINO
TAREFA: FICHAMENTO 2
FONTE:
POSSENTI, Sírio. A cor da língua e outras croniquinhas de lingüística.
Campinas / SP: Mercado de Letras / ALB, 2001.
PERINI,
Mário. “A língua do Brasil amanhã”. In: Ciência Hoje, jul, 2001.
É
PONTO DE VISTA QUE... (Possenti)
- Discute a
questão da resistência ao novo, afirmando que há duas maneiras de encarar os
fenômenos da língua:
- a primeira seria sob o olhar do guardião, ou seja, a gramática normativa;
- a segunda sob o olhar do curioso: a gramática descritiva.
- Para os
normativos, tudo que não enquadra nas normas é considerado “erro”, mas Possenti
acredita que os erros ortográficos sejam freqüentes onde a fala mais se
distanciou da escrita, ou seja, falta consistência ao sistema: “descobrimos
que, onde falta consistência, há consistência nas hipóteses dos alunos”.
- Dependendo do
nível cultural do falante ou de sua aceitação social esses “erros” serão
considerados como neologismos, originalidade ou, em oposição, se o falante for
discriminado cultural ou socialmente será considerado um erro ou ignorância.
- Por fim,
sugere uma postura mais curiosa e refletiva quanto à flexibilidade da língua e
às suas mudanças.
É um adjunto, e daí? (Possenti)
- O autor
critica as formas de análises praticadas na escola, baseadas na identificação
dos termos da oração.
- Cita o
exemplo: O chefe disse que ia viajar ontem, sugerindo que a proposta
mais freqüente seria identificar o advérbio e dar a sua função, e que a
identificação por si só não leva a nada.
- Sugere uma
reflexão sobre o advérbio “ontem” na frase, mudando a sua colocação em para
outros possíveis lugares, para que o aluno perceba, de forma mais lúdica, que a
mudanças sintáticas acarretam mudanças semânticas.
- Cita uma piada
que exemplifica esse acarretamento: “Estou com vontade de transar com a Luiza
Brunet de novo.” “O quê? Você já transou com ela?” “Não, mas já tive vontade
antes.” Assim o aluno faz uma análise sintática e descobre que a graça da piada
está justamente na questão da posição do advérbio.
A
LÍNGUA DO BRASIL AMANHÃ (Perini)
- Perini critica a posição dos “defensores
da pureza do idioma” que acreditam que a língua portuguesa corre os seguintes
riscos: desaparecer devido a línguas de cultura mais poderosa (inglês,
principalmente), misturar-se com o espanhol, corromper-se por
elementos populares.
- Rebate primeiro a questão da
influência do inglês, cultura de poder e prestígio, e dos empréstimos
lingüísticos que estariam destruindo a língua, argumentando que a maioria das
palavras estrangeiras são modismos que passam e que sempre existiram palavras
estrangeiras introduzidas na língua: “não há o menor sintoma de que os
empréstimos estejam causando lesões na língua portuguesa” e que todas as
línguas precisam crescer para dar conta das novidades sociais, tecnológicas,
artísticas e culturais e também criar novas palavras através de diversos
recursos, ou estender novos significados à palavras antigas (executivo,
celular). Conclui, sobre estrangeirismos, que “a estrutura gramatical não
mudou”.
- Segundo rebate a questão do
português misturar com o espanhol, formando uma outra língua. Nessa questão ele
é bem enfático ao afirmar que a mistura de línguas nunca ocorreu em “toda a
história conhecida das línguas”. Cita o caso das línguas crioulas como língua
de contato, mas não como língua materna. Conclui afirmando que o Brasil não
corre riscos, pois está muito longe da situação de “submissão política e
cultural”.
- Em terceiro, a argumentação de que
a língua portuguesa do Brasil, falada e escrita, tem absorvido elementos
populares, rebate mostrando como a língua, como outras instituições sociais,
sempre evoluiu à sua maneira, mudando e absorvendo elementos populares: “as
línguas evoluem, apesar da oposição, dos esforços e da cara fechada dos
gramáticos. Não se trata de ‘perigo’, mas de um processo tão natural...”
- “O perigo existe,sim, quando nos dizem
que as língua usada pelos cento e muitos milhões de brasileiros não merece
respeito, e que apenas os especialistas é que detêm o poder de ‘falar certo’.
Uma atitude mais construtiva é reconhecer os fatos, aceitar nossa língua como
ela é e desfrutar dela com toda a sua riqueza, flexibilidade, expressividade e
malícia.”
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