sábado, 20 de julho de 2013

GÊNERO TEXTUAL: CARDÁPIO



Raquel Teles Yehezkel







Gênero Textual:
CARDÁPIO





Trabalho requisitado pela disciplina “Tópicos de Lingüística Aplicada: Gêneros Textuais (LET151)”, ministrada pela profa. dra. Regina Peret Dell’Isola.





Faculdade de Letras
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte 28 de março de 2007


GÊNERO TEXTUAL: CARDÁPIO

 

 


Resumo

 


Este trabalho tem como objeto de estudo o gênero textual “cardápio”, com o objetivo de conceituá-lo, descrever suas características, usos e funções, relacionando-o ao universo dos gêneros textuais e suas práticas sociais e comunicativas.







Esquema


  • Conceito de gênero textual: classificação dos textos, orais ou escritos, segundo seu uso e função nas práticas sociais e comunicativas.

  • Conceito de cardápio: de modo geral, cardápio é uma listagem de comidas e bebidas preparadas e disponíveis para consumo, podendo ou não conter suas composições e preços.

  • Características: listagem; texto ordenado; especificação ou não da composição e dos preços dos alimentos; com ou sem imagens; só de imagens; texto e imagens.

  • Funções: função social e comunicativa de informar ao consumidor sobre as comidas e bebidas oferecidas; a ordem do que será oferecido; a composição dos alimentos; os preços.

  • Suportes: papel (folheto ou livreto); madeira (quadro pequeno/manual ou grande/na parede), papel plastificado.

 


INTRODUÇÃO


Com o intuito de chegar à concepção específica do gênero textual “cardápio”, apresento, em forma de introdução, proposições sobre os conceitos de gênero textual de forma geral.
Partindo de um conceito mais amplo para “gênero”, o  “Dicionário Houaiss” (2004) propõe – na entrada de número 1: “conceito geral que engloba todas as propriedades comuns que caracterizam um dado grupo ou classe de seres ou de objetos”. E, mais especificamente, propõe – na entrada de número 12 (ret): “divisão e classificação dos discursos segundo os fins que se tem em vista e os meios empregados”.
Os conceitos de gêneros textuais, em geral, partem dos estudos de Bakhtin, filósofo e lingüista russo. Segundo Bakhtin (in: MARCUSCHI, 2005: 96), as atividades humanas estão relacionadas ao uso da língua, que se efetiva através de enunciados (orais ou escritos). Por sua vez, cada enunciado (situação comunicativa) teria suas particularidades, mas ao mesmo tempo estaria restrito a determinado “campo de utilização”. Esses enunciados apresentam tipos “concretos e únicos, que emanam dos integrantes de uma ou de outra esfera da atividade humana”. Assim sendo, quando um falante escolhe um ou outro modo de enunciar estaria, sempre, optando por estruturas já existentes no uso da língua, estabelecidas por meio de relações sócio-culturais concretas entre os usuários da língua. Os gêneros textuais seriam então formas “relativamente estáveis” de discurso e, também, finitos.
Partindo de Bakhtin, Marcuschi (2005) afirma que os gêneros são “entidades empíricas em situações comunicativas”. “Formas textuais escritas ou orais bastante estáveis, histórica e socialmente situadas”, constituindo, em princípio, “listagens abertas”.
As definições de Bakhtin e Marcuschi parecem nos induzir a dizer que a listagem de gêneros textuais seriam “finitas”, como propôs Bakhtin, mas “abertas” como propõe Marcuschi, já que novos e infinitos gêneros textuais podem se formar por meio de novas práticas sociais e novas estruturas estabelecidas por essas novas práticas comunicativas. Como, por exemplo, o evento da internet que estabeleceu novas formas de comunicação como os textos de emails, de chats, de msns.
Na linha de raciocínio de gêneros como uma listagem “aberta” como quer Marcuschi ou “finita” como propôs Bakhtin, Medeiros (2006) coloca a seguinte questão: se o discurso está relacionado às práticas sociais discursivas e estas são mutáveis e os gêneros são relativamente estáveis, “significa que eles têm uma marca que permite ver as mudanças em determinados momentos em que os discurso parece estável”, desse modo, o gênero do discurso deveria ser estudado como função. E conclui que tentar classificar o discurso enquanto função – “visto que a linguagem é uma prática social interacionista ligada às práticas sociais e culturais entre os usuários de uma língua” – é quase impossível.

 

 

CARDÁPIOS: ESTRUTURA E FUNÇÃO


De modo geral, o cardápio é uma relação de comidas e de bebidas preparadas e disponíveis para consumo. Freqüentemente essa relação vem seguida de seus preços e por vezes com a descrição da sua composição. Pode também ser a relação das iguarias disponíveis para o serviço nos banquetes, jantares de gala, festas e afins. A relação pode ser comunicada por escrito ou pela fala (como por exemplo, os serviços de delivery, por telefone).
Segundo o “Dicionário Houaiss”, a palavra cardápio tem etimologia latina. Charta: papel; carta + daps “banquete oferecido aos deuses; refeição, comida” e é um neologismo criado pelo filólogo brasileiro Antônio Castro Lopes (1827-1901) para substituir a palavra menu do idioma francês.
            A estrutura de um cardápio tem, normalmente, a forma de uma relação, de lista, de rol. Mas pode haver exceções e existem cardápios em forma de textos, de poesias, de quadros, de fotos, desenhos, etc.
O suporte mais comum de um cardápio é o papel, mas também há cardápios em madeira ou similares. Muitas vezes, o suporte no qual o cardápio é veiculado serve para dar pistas do que é servido no restaurante. Como por exemplo, materiais recicláveis ou naturais  na confecção do cardápio podem servir para indicar que aquele é um restaurante de comidas naturais.
A função social e comunicativa seria, normalmente, a de informar ao consumidor sobre:
  • as comidas,
  • a ordem do que será oferecido,
  • a composição dos alimentos,
  • os preços.
Os cardápios nem sempre têm apenas a função explícita de informar. Eles podem também ter outras funções não explícitas, como, por exemplo, aguçar o apetite ou a vontade do consumidor, por meio de fotos, descrições, frases ou poemas que contenham alusões à comida daquele lugar (como no caso do cardápio do restaurante “Tragaluz” de Tiradentes -MG, que contém trechos em prosa de personalidades expressando o que sentiram ao degustar a comida ou apenas estar naquele restaurante).

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