ALUNO: RAQUEL TELES YEHEZKEL
CURSO: PRÁTICA DE ENSINO DE PORT. / MTE
605: PROFa. GRAÇA PAULINO
TAREFA: FICHAMENTO 2
FONTE:
BRAIT, Beth. “Estudos lingüísticos e estudos literários: fronteiras na
teoria e na vida”. In: FREITAS E CASTRO (org.). Língua e literatura –
ensino e pesquisa. São Paulo: Contexto, s/d.
ESTUDOS
LINGUÍSTICS E ESTUDOS LITERÁRIOS:
FRONTEIRA
NA TEORIA E NA VIDA
- Reflexão sobre as confluências entre
estudos lingüísticos e literários, a partir de análise textos literários,
poéticos.
1) “O assassino era o escriba”, de Paulo
Leminski, de 1983: Por que achamos graça e nos simpatizamos com o eu-poético?
- Faz uma primeira leitura descompromissada
e uma segunda mais crítica e detalhista (o poeta concretiza sua visão através de
uma organização léxico-sintática: nomenclatura, metalinguagem → motivo de
tortura, morte, subversão e criatividade, que produz humor.
- Está-se diante de um poema (linhas
interrompidas, sem pontos; criando novo ritmo e rimas). Por que é importante
saber que é um poema? Que nossa postura será diferente de estarmos diante de um
romance, artigo, propaganda, etc. Ao saber que vai produzir um poema escolhe-se
um plano específico para a mensagem, configurando-a, articulando forma e
conteúdo, prevendo e constituindo o seu leitor.
- Somos submetidos pelo autor a alunos
submetidos a um velho e tradicional padrão de análise sintática, incluindo-nos
no poema. Mobiliza de forma criativa o mesmo léxico que nos torturou como aluno
aparece em nova organização que mostra uma face diferente e nos causa riso,
lançando mão de uma outra dimensão de nosso conhecimento, da nossa memória
discursiva, nos constitui leitores de um tipo específico.
- Poema organizado em narrativa (o termo
‘assassino’ aponta para uma narrativa), ‘escriba’ → mistério (termo pouco
usual). Narrador de 1ª pessoa descreve o sujeito como professor/torturador.
Pronome possessivo ‘meu’, indica um narrador/ aluno/ torturado/ escriba →
assassino. A última cena mostra que o narrador /aluno é o assassino, o
professor a vítima e o a arma do crime o ‘objeto direto’.
- Verdadeiro
tema do poema: a sintaxe, que desvenda a natureza dos protagonistas (professor/
sujeito inexistente). A morte também se realiza sintaticamente: o sujeito
inexistente é morto por um objeto direto; o aluno é o sujeito ativo, que apesar
de torturado domina a sintaxe com destreza e criatividade. Ambiguamente, em vez
de ser um poema contra a sintaxe, torna-se homenagem a ela, exibindo um aluno
que mata o professor e revela-se como escriba.
2) “Erro de
português”, “O gramático”, “Vício na fala”, “O capoeira”, “Promnominais”, de
Oswald de Andrade, tematiza a rica variedade da língua.
- Articulação de
língua e literatura, língua e cultura, linguagem e vida: expressam a identidade
lingüística brasileira sem mostrá-las como exotismo ou regionalismo, mas como
transformação e marcas de uma identidade nacional. O uso recuperado na
linguagem literária ganha status de existência e reconhecimento.
- Constrói um
panorama de imagens brasileiras, do ponto de vista de um eu-poético crítico a
determinados aspectos da colonização. Mistura de raças e suas particularidades
é que designam a brasilidade: negros, mulatos, capoeiristas, índios, brancos,
formam um coletividade pronta a desafiar, de forma carnavalizada, as normas do
impostas pelo poder (regras gramaticais, religiosidade), desestabilizando os
discursos fundadores da nacionalidade e sua história oficial.
3) Placa de
trânsito (“Liberdade / Interditada → Paraíso / V. Marian).
- Texto
institucional (Detran), deveria ser: objetivo, sem ambigüidades ou efeitos de
sentidos inesperados, sem dimensão ideológica.
- Fotografado e
colocado em livro de poema (José Paulo Paes: “Um por todos”, 1973): muda-se a
forma de produção, de circulação e de recepção, gênero: poético: assinala um
período da história do Brasil.
- O fazer
literário: língua utilizada para expressar e justificar a existência humana.
4) Guimarães
Rosa: o direito à criação de palavras, prática de neologismo.
- A literatura
pode revelar interessantes aspectos da língua, de sua forma de organização, de
seus laços com a vida e com os falantes, aspectos nem sempre decifrados pela
lógica analítica.
- Existência de
forte laço entre língua e cultura.
- Olha para a
materialidade verbal e extraverbal constitutivas de uma enunciação para
reinstaurar a discussão a respeito da estilística e da gramática/lingüística
esuas fluidas fronteiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário