terça-feira, 9 de julho de 2013

REGÊNCIA



REGÊNCIA
Linguística II
Profa: Jânia
Aluna: Raquel Teles Yehezkel 
Letras/UFMG, 2005

 


CÂMARA JR., J. Mattoso – Filologia e Gramática: Referente à Língua Portuguesa. Em sentido. J.Ozon, Rio de Janeiro: 4a edição revista e aumentada. p. 330.

Conforme Mattoso Câmara, regência, em sentido lato, é a marca de subordinação de um vocábulo determinante ao seu vocábulo determinado em um sintagma.
           
Nas construções analíticas, em que a marca da subordinação é a preposição, a regência em sentido estrito se refere ao valor relacional das preposições, dentro da língua, e às caracterizações dos determinantes que por meio de cada uma delas se estabelecem. É assim a descrição da distribuição e das significações gramaticais, ou significações internas das preposições existentes numa língua dada. A escolha da preposição depende:

  1. da significação interna de cada uma, como – de “posse”, a “objeto indireto” ou “direção”, com “companhia”, etc.;
  2. da servidão gramatical, que faz com que certos determinados exijam necessariamente certas preposições, especialmente em se tratando de verbos com complementos essenciais (ex: tratar de, avisar de, assistir a, etc.).

Num e noutro caso, há muitas vezes variação livre que o conjunto de prescrições da gramática normativa procura eliminar (ex.: avisar alguém de alguma coisa: avisar alguma coisa a alguém). E em referência à significação interna das preposições infere a intenção semântica, como o emprego ou omissão de preposições em, por, durante em complemento de tempo indicando ocasião ou duração (ex.: Saí sábado: Saí no sábado – “E o meu suplício durará por meses”; durará meses) e o emprego ou omissão da preposição a para um objeto direto designando pessoa (“Rubião pôs em espanto a todos os seus amigos”, Assis, Borba).
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JANNEU, Délio T. – Português. Curso Orville Carneiro: preparatório para concurso, 2004.

Regência é o estudo da relação de dependência que há entre a palavra dependente, chamada regida, e o termo a que ela se prende, dito regente.

Esta dependência pode ser direta, ou seja, sem preposição obrigatória, e pode ser indireta, isto é, com preposição indispensável. Daí a importância do estudo de preposições. Ex.:

O homem tem necessidade de vitaminas. (Regência nominal)
rome regente          termo regido (= complemento nominal)

A mulher necessita de vitaminas.  (Regência verbal)
                verbo regente   termo regido (= objeto indireto)

O regente e o regido, intimamente ligados, formam um todo significativo.

REGÊNCIA VERBAL



Quando o regente é um verbo. Ex.:

Amar o estudo.
Dificultar as coisas.
Relacionar os erros mais comuns.

A regência verbal envolve conhecimento da preposição dos verbos.

1. OS VERBOS DIVIDEM-SE EM:

1.1 Intransitivos – Quando expressam idéia completa. Não necessitam, pois, de complemento. Ex.:


Fulano morreu.            Piam as aves.               Chegou um desconhecido.

“Fulano”, “as aves”,      “um desconhecido” exercem a função de sujeito.

1.2 Transitivos Diretos – Exigem um complemento (objeto direto), que se lhes prende diretamente, para juntos integralizarem o todo significativo. Ex.:

Fizemos os exercícios.             Desenhamos um livro. Ninguém ignora essas coisas.

“Os exercícios”, “um livro”, “essas coisas” têm função de objeto direto.

1.3 Transitivos Indiretos – Necessitam de um complemento preposicionado (objeto indireto), a fim de formarem com ele o todo significativo. Ex.:

Precisamos de coragem. Gostaram das praias. Assistimos ao festival.

“de coragem, “das praias”, “ao festival” têm função de objetos indiretos.

1.4 Transitivos Diretos e Indiretos (ou bitransitivos) – Regem, conjuntamente os dois complementos acima citados: objeto direto e objeto indireto.

Dei um livro ao colega. Mandamos um recado ao amigo.

“um livro”, “um recado!”: objeto direto
“um colega”, “ao amigo”: objeto indireto

2. OBSERVAÇÕES

2.1 Os pronomes o(s), a(s) e as variantes lo(s), la(s), no(s), na(s) funcionam como complementos dos verbos transitivos diretos:
Esperava-o ontem   Entregamo-los depois.
Ninguém a viu.                   Entregaram-nos ontem.
Os pronomes em destaque servem de objeto direto.

2.2 O pronome – lhe(s) – serve de complemento a verbos transitivos indiretos, transitivos diretos e indiretos e de adjunto adnominal de verbos transitivos diretos.
Perdoava-lhes sempre.                   Desejo-lhe sorte.                      Quero-lhe o relógio
Isto não lhe pertence.                     Peço-lhe silêncio.                     Admiro-lhe a coragem.
lhe = objeto indireto                       lhe = objeto indireto                 lhe = adjunto adnominal
verbos transitivos indiretos      verbos transitivos diretos e indiretos              verbos transitivos diretos.

2.3 Os pronomes me, te, se, nos, vos podem também servir de complementos de verbos transitivos diretos, transitivos indiretos, transitivos diretos e indiretos e de adjunto adnominal de verbos transitivos diretos.

Eu vejo-te amanhã.       Pago-vos amanhã.        Pegou-me a mão.         Dê-nos dinheiro.
Ele feriu-se todo.          Ela se odeia.                 Quer-nos a casa.          Peço-te licença.
pronomes: OD  pronomes: OI               pronomes: A. ADN.      pronomes: OI
verbos: TD                   verbos: TI                     verbos: TD                   verbos: TDI

2.4 As formas – lho, lha, lhos, lhas – são complementos de verbos transitivos diretos e indiretos; bem como servem de adjunto adnominal. Exs.:

A blusa? Em casa lha dou.
(= Em casa darei a blusa a você)
lha = lh: OI   +  a OD
(= a você)        (= a blusa)

Não lhe sei o nome, nem que lho soubera o diria.
(= Nem que soubera o seu nome o diria.)
lho = lh: A.ADN.   +   o: OD
(= seu)              (= o nome)

2.5 Há verbos transitivos indiretos que não se usam com o pronome lhe, mas com os pronomes ele(s), ela(s) antecedidos da preposição a: aludir, aspirar, assistir, comparecer, tomar, recorrer, preferir, proceder, visar.

Aludimos à religião. Aludimos a ela.
Aspiramos a um cargo. Aspiramos a ele.
Assistiram aos jogos. Assistimos a eles.
Compareci à festa. Compareci a ela.
Recorri ao diretor. Recorri a ele.
Procederam ao sorteio. Procederam a ele.
Prefiro perder o lote a ela.
Viso a um cargo. Viso a ele.


SACCONI, Luiz Antonio - Não erre mais! Harbra, 28o edição. São Paulo: 2005

 

Exemplos de dificuldades no uso de regências, encontrados na mídia


Gostar de

Quem gosta, gosta de alguém ou de alguma coisa.
Errado cf NP: Essa é a pessoa “que” eu gosto.

Empatar/empatado de ou por

Empate de

Uma equipe empata com outra sempre de (ou por) determinado placar, e não “em”. O América empatou com o Vasco de (ou por) 2 a 2. Empatado se usa com as mesmas preposições, porém, empate só aceita de: O jogo terminou empatado de (ou por) 2 a 2. O empate de 2 a 2 agradou às equipes. O jogo terminou em empate de 0 a 0.
Errado cf NT: O Brasil não saiu do empate “em” 0 x 0 (Site da Folha de São Paulo).

Confiar em / levar a

Quem confia, confia em alguém ou em alguma coisa.
Quem leva, leva alguém a algum lugar.
Errado cf NP: TEXACO: Produtos “que” o mundo confia. Leve seu carro “num” posto TEXACO para conhecer a gasolina “que” os pilotos confiam (slogan da Texaco).

Expressões temporais: em que

Expressões temporais como as exemplificadas a seguir exigem a preposição em antes do que. O dia em que a terra tremeu. A hora em que a vi, fiquei emocionado. O mês em que não recebemos salário, passamos apertado!
Errado cf NP: O dia “que” a Terra tremeu (nome de um filme).

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