REGÊNCIA
Linguística II
Profa: Jânia
Linguística II
Profa: Jânia
Aluna: Raquel Teles Yehezkel
Letras/UFMG, 2005
Letras/UFMG, 2005
CÂMARA JR.,
J. Mattoso – Filologia e Gramática: Referente à Língua Portuguesa. Em
sentido. J.Ozon, Rio de Janeiro: 4a edição revista e aumentada.
p. 330.
Conforme Mattoso
Câmara, regência, em sentido lato, é a marca de subordinação de um vocábulo
determinante ao seu vocábulo determinado em um sintagma.
Nas construções
analíticas, em que a marca da subordinação é a preposição, a regência em
sentido estrito se refere ao valor relacional das preposições, dentro da
língua, e às caracterizações dos determinantes que por meio de cada uma delas
se estabelecem. É assim a descrição da distribuição e das significações
gramaticais, ou significações internas das preposições existentes numa língua
dada. A escolha da preposição depende:
- da significação interna de cada uma, como – de “posse”, a “objeto indireto” ou “direção”, com “companhia”, etc.;
- da servidão gramatical, que faz com que certos determinados exijam necessariamente certas preposições, especialmente em se tratando de verbos com complementos essenciais (ex: tratar de, avisar de, assistir a, etc.).
Num e noutro
caso, há muitas vezes variação livre que o conjunto de prescrições da gramática
normativa procura eliminar (ex.: avisar alguém de alguma coisa: avisar
alguma coisa a alguém). E em referência à significação interna das
preposições infere a intenção semântica, como o emprego ou omissão de
preposições em, por, durante em complemento de tempo indicando ocasião
ou duração (ex.: Saí sábado: Saí no sábado – “E o meu suplício durará por
meses”; durará meses) e o emprego ou omissão da preposição a para um objeto
direto designando pessoa (“Rubião pôs em espanto a todos os seus amigos”,
Assis, Borba).
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JANNEU, Délio
T. – Português. Curso Orville Carneiro: preparatório para concurso,
2004.
Regência é o
estudo da relação de dependência que há entre a palavra dependente, chamada regida,
e o termo a que ela se prende, dito regente.
Esta dependência pode ser direta, ou
seja, sem preposição obrigatória, e pode ser indireta, isto é, com preposição
indispensável. Daí a importância do estudo de preposições. Ex.:
O homem tem necessidade de vitaminas. (Regência
nominal)
rome
regente termo regido (=
complemento nominal)
A mulher necessita de vitaminas. (Regência verbal)
verbo
regente termo regido (= objeto
indireto)
O regente e o
regido, intimamente ligados, formam um todo significativo.
REGÊNCIA VERBAL
Quando o regente
é um verbo. Ex.:
Amar o estudo.
Dificultar as coisas.
Relacionar os erros mais comuns.
A regência verbal envolve conhecimento da
preposição dos verbos.
1. OS VERBOS
DIVIDEM-SE EM:
1.1 Intransitivos – Quando expressam idéia completa. Não necessitam, pois, de complemento. Ex.:
Fulano morreu. Piam as aves. Chegou um desconhecido.
“Fulano”, “as aves”, “um desconhecido” exercem a função de
sujeito.
1.2
Transitivos Diretos – Exigem um complemento (objeto
direto), que se lhes prende diretamente, para juntos integralizarem o todo
significativo. Ex.:
Fizemos os exercícios. Desenhamos
um livro. Ninguém ignora essas
coisas.
“Os exercícios”, “um livro”, “essas
coisas” têm função de objeto direto.
1.3
Transitivos Indiretos – Necessitam de um
complemento preposicionado (objeto indireto), a fim de formarem com ele o todo
significativo. Ex.:
Precisamos de coragem. Gostaram das praias. Assistimos ao
festival.
“de coragem, “das praias”, “ao festival”
têm função de objetos indiretos.
1.4
Transitivos Diretos e Indiretos (ou bitransitivos)
– Regem, conjuntamente os dois complementos acima citados: objeto direto e
objeto indireto.
Dei um livro ao colega. Mandamos um recado ao amigo.
“um livro”, “um
recado!”: objeto direto
“um colega”, “ao
amigo”: objeto indireto
2.
OBSERVAÇÕES
2.1 Os pronomes o(s), a(s) e as variantes lo(s), la(s),
no(s), na(s) funcionam como complementos dos verbos transitivos diretos:
Esperava-o ontem Entregamo-los
depois.
Ninguém a viu.
Entregaram-nos ontem.
Os pronomes em destaque servem de objeto direto.
2.2 O pronome – lhe(s)
– serve de complemento a verbos transitivos indiretos, transitivos diretos e
indiretos e de adjunto adnominal de verbos transitivos diretos.
Perdoava-lhes sempre. Desejo-lhe
sorte. Quero-lhe
o relógio
Isto não lhe pertence. Peço-lhe
silêncio. Admiro-lhe
a coragem.
lhe = objeto indireto lhe = objeto
indireto lhe =
adjunto adnominal
verbos
transitivos indiretos verbos
transitivos diretos e indiretos verbos
transitivos diretos.
2.3 Os pronomes me, te, se, nos, vos podem também servir de
complementos de verbos transitivos diretos, transitivos indiretos, transitivos
diretos e indiretos e de adjunto adnominal de verbos transitivos diretos.
Eu vejo-te
amanhã. Pago-vos amanhã. Pegou-me a mão. Dê-nos dinheiro.
Ele feriu-se
todo. Ela se odeia. Quer-nos a casa. Peço-te licença.
pronomes: OD pronomes: OI pronomes: A.
ADN. pronomes: OI
verbos: TD verbos: TI verbos: TD verbos: TDI
2.4 As formas – lho, lha, lhos, lhas – são complementos de
verbos transitivos diretos e indiretos; bem como servem de adjunto adnominal.
Exs.:
A blusa? Em casa
lha dou.
(= Em casa darei
a blusa a você)
lha = lh: OI + a OD
(= a você) (= a blusa)
Não lhe sei o
nome, nem que lho soubera o diria.
(= Nem que soubera o seu nome o
diria.)
lho = lh:
A.ADN.
+ o: OD
(= seu) (= o nome)
2.5 Há verbos transitivos indiretos que não se usam com o pronome lhe,
mas com os pronomes ele(s), ela(s) antecedidos da preposição a: aludir,
aspirar, assistir, comparecer, tomar, recorrer, preferir, proceder, visar.
Aludimos à
religião. Aludimos a ela.
Aspiramos a um
cargo. Aspiramos a ele.
Assistiram aos
jogos. Assistimos a eles.
Compareci à
festa. Compareci a ela.
Recorri ao
diretor. Recorri a ele.
Procederam ao
sorteio. Procederam a ele.
Prefiro perder o
lote a ela.
Viso a um cargo. Viso a ele.
SACCONI, Luiz Antonio - Não erre mais! Harbra, 28o edição. São Paulo: 2005
Exemplos de dificuldades no uso de regências, encontrados na mídia
Gostar de
Quem gosta, gosta
de alguém ou de alguma coisa.
Errado cf NP: Essa é a pessoa “que” eu gosto.
Empatar/empatado de ou por
Empate de
Uma equipe empata com outra sempre de
(ou por) determinado placar, e não “em”. O América empatou com o
Vasco de (ou por) 2 a 2. Empatado se usa com as mesmas
preposições, porém, empate só aceita de: O jogo terminou empatado de
(ou por) 2 a 2. O empate de 2 a 2 agradou às equipes. O jogo
terminou em empate de 0 a 0.
Errado cf NT: O Brasil não saiu do empate “em” 0 x 0 (Site da Folha de São
Paulo).
Confiar em / levar a
Quem confia, confia em alguém ou em
alguma coisa.
Quem leva, leva alguém a algum lugar.
Errado cf NP:
TEXACO: Produtos “que” o mundo confia. Leve seu carro “num”
posto TEXACO para conhecer a gasolina “que” os pilotos confiam (slogan
da Texaco).
Expressões temporais: em que
Expressões temporais como as exemplificadas
a seguir exigem a preposição em antes do que. O dia em que a terra tremeu. A
hora em que a vi, fiquei emocionado. O mês em que não recebemos salário,
passamos apertado!
Errado cf NP:
O dia “que” a Terra tremeu (nome de um filme).
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