Faculdade de Letras, UFMG - 12 de Abril de 2007.
Tópicos em lingüística. aplicada: Gêneros textuais no ensino da Ling. Port.
Professora:
Regina Péret Dell’Isole Atividade: Esquema / apresentação
Fonte: CARVALHO,
Gisele. Gênero como ação social em Miller e Bazerman: O conceito,
uma sugestão metodológica e um exemplo. in: Meurer, Bonini,
Motta-Roth. Gêneros: teoria, métodos e debates. São Paulo: Parábola,
2005, p.130-149.
Alunas: Eli Ribeiro dos Santos
Liane Maria Miranda Cardoso
Raquel Teles Yehezkel
GÊNERO
COMO AÇÃO SOCIAL EM MILLER E BAZERMAN:
O
conceito, uma sugestão metodológica e um exemplo
1.
Introdução
1.1.
Gênero
como ação social – Miller (l984; 1994)
-
pontos em
comum com Swales e Bazerman
-
escola de
estudos de gêneros norte americanos: natureza social do discurso
1.2.
Propostas
1.2.1.
Analisar 2
propostas sobre teoria do gênero
-
a nova
retórica
-
o
pensamento de Mikhail Bakhtin
1.2.2.
Gênero
como ação social de Carolyn Miller
1.2.3.
Sugestão
metodológica Paré e Smart (1994)
1.2.4.
Aplicação
: um estudo comparativo
2.
A
influência da nova retórica no contexto
norte-americano
2.1.
Preocupações
pedagógicas na composição argumentativa
2.1.1.
Modelo de
Toulmin (1958) – teoria baseada nas práticas do direito
2.1.2.
Perelman e
Olbrechts-Tyteca (1996) compreensão e efeito pretendido da audiência
2.2.
Proprósito
e contexto: noções importantes para o estudo de gênero
2.2.1. Toulmin: “O que conta como adequado ou
convincente varia segundo o contexto histórico, disciplinar e/ou social”. In Freedman e Medway (1994, p.5)
2.2.2.
Perelman e
Olbrechts-Tyteca: persuadir é o objetivo.
3.
Bakhtin
e os gêneros do discurso
3.1.
Orientação dialógica do discurso
3.2.
Gêneros :
- tipos relativamente estáveis
- enunciado como “unidade de comunicação verbal”
3.3.
Gêneros primários e secundários
3.4.
Ampliação do conceito bakhtiniano de gênero:
gêneros do cotidiano, não literários.
4. Conceito
de gênero como ação social
4.1. Noções chaves:
- recorrência: tipificação/analogias;
- ação retórica: aplicação a novas
situações/comparação.
4.2. "situação retórica" -
motivação.
4.3. Gênero para Miller(1994a,p 29)
- ação retórica tipificada;
- possui regras q o regulam;
- distinto em termos de forma;
- constitui a cultura;
- mediador entre o público e o privado.
Bazerman (1994,
p.81): "Um gênero existe apenas à medida que seus usuários
o reconhecem e o distinguem".
5. Sugestão
Metodológica
5.1. Perguntas básicas:
- Quais os elementos constitutivos de um
gênero?
- Qual a relação entre esses elementos?
5.2. Examinar:
- regularidades aparentes do gênero;
- regularidades no processo de produção e
recepção dos textos;
- regularidades nos papéis sociais de
produtores e consumidores.
5.3. Proposta de
Paré e Smart (1994, p.52)
- Analisar:
1. abordagem do texto - quando? como?
onde? por que? precisa de texto de apoio?
2. trânsito pelo texto - o que ler
detalhadamente?o q ler por alto?o que pular?
3. conhecimento construído a partir do
texto;
4. utilização do conhecimento resultante
da leitura.
- Investigar os papéis sociais dos produtores e consumidores dos
textos.
Segue um exemplo
de um estudo baseado nesta metodologia.
6. Aplicação:
um estudo contrastivo do gênero resenha acadêmica (RA) de livros
6.1.
Funções básicas da RA (p.137):
-
reações à
publicação de um livro novo (função avaliativa);
-
guia para
aquisição e leitura (excesso de publicações X necessidade de atualização, falta
de recursos e de tempo
6.2. Características básicas da RA (p.137)
-
textos não
muito longos;
-
avaliação
e descrição de livro recentemente publicado ou traduzido;
-
elaborados
por especialistas de certa área e direcionada a leitores especialistas
6.3. Metodologia (p/ chegar a um padrão
retórico-organizacional das RAs, Carvalho escolheu dois corpora: 20 RAs
em inglês, 20 em português na área de Teoria da Lit.): p138
6.3.1. Identificação das regularidades
textuais (p.138):
- quais os movimentos retóricos (de passagens com natureza retórica
diferentes e funções determinadas): quais obrigatórios; quais opcionais; sua
possível seqüência.
6.3.2. Análise qualitativa das variáveis
(Martin, 2000 in:Meurer, p;139): investiga como as atitudes (sobre o livro) são
expressas pelos resenhistas, que tipo de avaliação é dado destaque e em que
movimento retórico isto ocorre.
- Atitude (positivas ou negativas) – afeto: recursos
semântico-discursivos para “construir reações emocionais”; julgamento:
“construir avaliações morais de comportamento”; apreciação: “construir a
qualidade estética de txt/processos semióticos e fenômenos naturais”.
- Gradação: recursos utilizados para expressar a intensidade das
atitudes em relação a pessoas e coisas.
- Fonte (das atitudes): monoglóssico (do escritor) / heteroglóssico
(de outrem).
6.3.3. Identificação das motivações
“embutidas” no texto (p.139):
- Quem escr, p/quem, que intuito, que convençs obedece/despreza; o
que/como avalia.
- Práticas discursivas embutidas: para compreender que papel a prod.
e recep. assumem na ativ. acadêmica.
6.3.4. Identificação do “esquema mental”
do leitor sobre RA (p.139):
- Questionários aos prof. teoria da lit. bras/amer
- Entrevistas: p/ descob. papel soc. editores (resp.) de RAs e
resenhistas (proc. compos.)
- Quem escr (dentro da acad); como são escolhidos; prat. soc.
presentes no contxt. acad.
- Status da resenha X outros gen.txt.acad (princ. artigos)
Obs: Os resultados dessas análises X c/
análise txt Þ as relações entre txt, prat. disc. e
prat. soc., “para que o ato de resenhar na e para a academia (...) seja compreendido de forma mais completa” (p.140)
6.4. Resumo
dos resultados obtidos (p.140)
O conceito de gênero como ação social propõe que um texto,
enquanto exemplar de um gênero, não é apenas uma entidade lingüística mas
também “é ação que reflete características de situações retóricas recorrentes”
(p.140).
6.4.1. As RAs refletem (ler na p.140):
- O gen. e uma situação recorrente: análise do processo
- O gen. e as ativ. soc. recorrentes: anal. das relações entre
editor/resenhista-autor/ leitor
- O gen. e o desempenho retórico dos parts: anal. papéis do editor /
resenhista / leitor
6.4.2. Resumos conclusivos:
- Propósito comunicativo do gen. RA (p.141): Divulgação de novas
publicações de certa área do conhecimento, por txt. escrito, descritivo e
avaliativo, solicitado pelo editor e produzido por resenhista especialista para
leitores especialistas.
- Descrição e avaliação do livro têm por base: conhecimento,
valores, convenções acadêmico-disciplinares, materializando
- A RA enqto prat. discursiva
é um meio pelo qual o “conhecimento gerado na disciplina é construído,
negociado e legitimado” e posto em circulação.
- “Um texto que descreve e avalia o conteúdo de um livro e o
desempenho de seu autor materializa as práticas descritivas e avaliativas da
disciplina e da academia.”
- O q precisa ser descrito: o assunto da obra, o enfoque utilizado,
o público alvo, o desempenho acadêmico do autor, o conteúdo de capítulos
específicos.
- O q se avalia: a contrib. Do estudo para a área, as caract. Da composição,
a capacidade do autor.
- Como se descreve e como se avalia: neces. de recorrer ao conh. da
área p/ produzir boa descrição, calcada nos valores imports à disciplina; tbem
considerar as relações entre os diversos parts do gen, p/ não expor part. indevidamente.
- Consenso: princ. função soc. do gen. RA: divulgação (resenhistas,
eds, leitores) do livro e da área; 2a função: avaliação → avalia o
conh em atividade.
- Consenso: componente fundtal do txt: descrição, avaliação (+
complx – avaliador imparcial / dever – direito / neg: forma polida; posit: de
modo comedido)
6.4.3.
Análise dos quadros p.143
- Informação essencial é semelhante
- Os propósitos de cada movimento indica sua ordenação: inicial,
partes, final.
- Pelos mov retóricos dos txts, os usuários bras não teriam qquer
prob de reconhto da organização das infs e vice-versa
1o
mov ret: apresentação e avaliação inicial do livro (p.143)
- Em port, o
1o mov tem mais subfunções
- Ambos
definem assunto., situa em det área de est., e avalia a publicação.
- Em port,
(+)inf sobre o autor, destaca-o → (+) atitude de julgto.
- Tendem a
abrir com comentários positivos.
- Maior
incidência de juízos negativos: 5,9% Bras. X 24%
USA
2º mov
ret: descrição e avaliação de partes do livro (p.144)
- Mesmas
subfunções: descrição da org. da obra; menção do assunto ou idéia princ. de
cada parte; descrição + avaliação ou não, mas a avaliação permeia todo o mov.
ret. (os americanos são mais incisivos, rigorosos ; bras → aval + posit.).
- Espaço onde
se desenv. críticas ou elogios. Ingls tendem a criticar questões específicas e
elogiar as globais. Os bras, como já fizeram a crítica no 1o mov,
não criticam, apenas descrevem.
3o
mov. ret: recomendação final sobre o livro (p.146)
- Reiteram o
juízo expresso anteriormente.
- Manter
certa cordialidade entre resenhado e resenhista, por ser um gen.q expressa
juízo sobre o produto e a sua reputação é “potencialmente ameaçador” (p.149).
- Comentários
acerca da qualidade da public e sua relevância: lacunas que ele preenche; o qto
interessa ao público alvo.
- 80% bras.
recomenda X 55% ingl. c/ restrições.
Obs: As críticas e elogios seriam as principais fontes de incompatibilidade
entre a RA bras. e ingls, os brasileiros tenderiam a achar os anglo-americanos
exagerados em enumerar defeitos e eles tenderiam em achar que as RA bras seria
algo como “ação entre amigos”, o que desqualificaria a avaliação “por ser mais
positiva que as expectativas genéricas permitiriam” (148).
7.
Conclusão
Candlin (l985):
Dois enfoques para análise do discurso:
-
a
organização e o mapeamento do discurso
-
as
relações sociais e a interação
Gênero como ação
social –relação de mão dupla entre manifestação textual e interação social
O gênero
estrutura, organiza, enquadra e regula as ações sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário