sábado, 20 de julho de 2013

GÊNEROS TEXTUAIS COMO AÇÃO SOCIAL EM MILLER E BAERMAN


Faculdade de Letras, UFMG  - 12 de Abril de 2007.

Tópicos em lingüística. aplicada: Gêneros textuais no ensino da Ling. Port.

Professora: Regina Péret Dell’Isole                     Atividade: Esquema / apresentação                
Fonte: CARVALHO, Gisele. Gênero como ação social em Miller e Bazerman: O conceito,
uma sugestão metodológica e um exemplo. in: Meurer, Bonini, Motta-Roth. Gêneros: teoria, métodos e debates. São Paulo: Parábola, 2005, p.130-149.

Alunas:   Eli Ribeiro dos Santos

   Liane Maria Miranda Cardoso

               Raquel Teles Yehezkel



GÊNERO COMO AÇÃO SOCIAL EM MILLER E BAZERMAN:
O conceito, uma sugestão metodológica e um exemplo



1.      Introdução
1.1.   Gênero como ação social – Miller (l984; 1994)
-         pontos em comum com Swales e Bazerman
-         escola de estudos de gêneros norte americanos: natureza social do discurso
1.2.   Propostas
1.2.1.      Analisar 2 propostas sobre teoria do gênero
-         a nova retórica
-         o pensamento de Mikhail Bakhtin
1.2.2.      Gênero como ação social de Carolyn Miller
1.2.3.      Sugestão metodológica Paré e Smart (1994)
1.2.4.      Aplicação : um estudo comparativo

2.      A influência da nova retórica no contexto  norte-americano
2.1.   Preocupações pedagógicas na composição argumentativa
2.1.1.      Modelo de Toulmin (1958) – teoria baseada nas práticas do direito
2.1.2.      Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996) compreensão e efeito pretendido da audiência
2.2.   Proprósito e contexto: noções importantes para o estudo de gênero
2.2.1.      Toulmin: “O que conta como adequado ou convincente varia segundo o contexto histórico, disciplinar e/ou social”. In Freedman e Medway (1994, p.5)
2.2.2.      Perelman e Olbrechts-Tyteca: persuadir é o objetivo.

3.      Bakhtin e os gêneros do discurso
3.1.    Orientação dialógica do discurso
3.2.    Gêneros :
- tipos relativamente estáveis
- enunciado como “unidade de comunicação verbal”
3.3.    Gêneros primários e secundários
3.4.    Ampliação do conceito bakhtiniano de gênero: gêneros do cotidiano, não literários.

4. Conceito de gênero como ação social
     4.1. Noções chaves:
           - recorrência: tipificação/analogias;
           - ação retórica: aplicação a novas situações/comparação.
     4.2. "situação retórica" - motivação.
     4.3. Gênero para Miller(1994a,p 29)
           - ação retórica tipificada;
           - possui regras q o regulam;
           - distinto em termos de forma;
           - constitui a cultura;
           - mediador entre o público e o privado.
Bazerman (1994, p.81): "Um gênero  existe apenas à medida que seus usuários o reconhecem e o distinguem".

5. Sugestão Metodológica
     5.1. Perguntas básicas:
         - Quais os elementos constitutivos de um gênero?
         - Qual a relação entre esses elementos?
     5.2. Examinar:
        - regularidades aparentes do gênero;
        - regularidades no processo de produção e recepção dos textos;
        - regularidades nos papéis sociais de produtores e consumidores.
5.3. Proposta de Paré e Smart (1994, p.52)
- Analisar:
          1. abordagem do texto - quando? como? onde? por que? precisa de texto de apoio?
          2. trânsito pelo texto - o que ler detalhadamente?o q ler por alto?o que pular?
          3. conhecimento construído a partir do texto;
          4. utilização do conhecimento resultante da leitura.
- Investigar os papéis sociais dos produtores e consumidores dos textos. 
Segue um exemplo de um estudo baseado nesta metodologia.

6. Aplicação: um estudo contrastivo do gênero resenha acadêmica (RA) de livros
   6.1. Funções básicas da RA (p.137):
-         reações à publicação de um livro novo (função avaliativa);
-         guia para aquisição e leitura (excesso de publicações X necessidade de atualização, falta de recursos e de tempo
   6.2. Características básicas da RA (p.137)
-         textos não muito longos;
-         avaliação e descrição de livro recentemente publicado ou traduzido;
-         elaborados por especialistas de certa área e direcionada a leitores especialistas
   6.3. Metodologia (p/ chegar a um padrão retórico-organizacional das RAs, Carvalho escolheu dois corpora: 20 RAs em inglês, 20 em português na área de Teoria da Lit.): p138
      6.3.1. Identificação das regularidades textuais (p.138):
- quais os movimentos retóricos (de passagens com natureza retórica diferentes e funções determinadas): quais obrigatórios; quais opcionais; sua possível seqüência.
      6.3.2. Análise qualitativa das variáveis (Martin, 2000 in:Meurer, p;139): investiga como as atitudes (sobre o livro) são expressas pelos resenhistas, que tipo de avaliação é dado destaque e em que movimento retórico isto ocorre.
- Atitude (positivas ou negativas) – afeto: recursos semântico-discursivos para “construir reações emocionais”; julgamento: “construir avaliações morais de comportamento”; apreciação: “construir a qualidade estética de txt/processos semióticos e fenômenos naturais”.
- Gradação: recursos utilizados para expressar a intensidade das atitudes em relação a pessoas e coisas.
- Fonte (das atitudes): monoglóssico (do escritor) / heteroglóssico (de outrem).
     6.3.3. Identificação das motivações “embutidas” no texto (p.139):
- Quem escr, p/quem, que intuito, que convençs obedece/despreza; o que/como avalia.
- Práticas discursivas embutidas: para compreender que papel a prod. e recep. assumem na ativ. acadêmica.
     6.3.4. Identificação do “esquema mental” do leitor sobre RA (p.139):
- Questionários aos prof. teoria da lit. bras/amer
- Entrevistas: p/ descob. papel soc. editores (resp.) de RAs e resenhistas (proc. compos.)
- Quem escr (dentro da acad); como são escolhidos; prat. soc. presentes no contxt. acad.
- Status da resenha X outros gen.txt.acad (princ. artigos)
Obs: Os resultados dessas análises X c/ análise txt Þ as relações entre txt, prat. disc. e prat. soc., “para que o ato de resenhar na e para a academia (...) seja  compreendido de forma mais completa” (p.140)
6.4. Resumo dos resultados obtidos (p.140)
O conceito de gênero como ação social propõe que um texto, enquanto exemplar de um gênero, não é apenas uma entidade lingüística mas também “é ação que reflete características de situações retóricas recorrentes” (p.140).
     6.4.1. As RAs refletem (ler na p.140):
- O gen. e uma situação recorrente: análise do processo
- O gen. e as ativ. soc. recorrentes: anal. das relações entre editor/resenhista-autor/ leitor
- O gen. e o desempenho retórico dos parts: anal. papéis do editor / resenhista / leitor
     6.4.2. Resumos conclusivos:
- Propósito comunicativo do gen. RA (p.141): Divulgação de novas publicações de certa área do conhecimento, por txt. escrito, descritivo e avaliativo, solicitado pelo editor e produzido por resenhista especialista para leitores especialistas.
- Descrição e avaliação do livro têm por base: conhecimento, valores, convenções acadêmico-disciplinares, materializando
 - A RA enqto prat. discursiva é um meio pelo qual o “conhecimento gerado na disciplina é construído, negociado e legitimado” e posto em circulação.
- “Um texto que descreve e avalia o conteúdo de um livro e o desempenho de seu autor materializa as práticas descritivas e avaliativas da disciplina e da academia.”
- O q precisa ser descrito: o assunto da obra, o enfoque utilizado, o público alvo, o desempenho acadêmico do autor, o conteúdo de capítulos específicos.
- O q se avalia: a contrib. Do estudo para a área, as caract. Da composição, a capacidade do autor.
- Como se descreve e como se avalia: neces. de recorrer ao conh. da área p/ produzir boa descrição, calcada nos valores imports à disciplina; tbem considerar as relações entre os diversos parts do gen, p/ não expor part. indevidamente.
- Consenso: princ. função soc. do gen. RA: divulgação (resenhistas, eds, leitores) do livro e da área; 2a função: avaliação → avalia o conh em atividade.
- Consenso: componente fundtal do txt: descrição, avaliação (+ complx – avaliador imparcial / dever – direito / neg: forma polida; posit: de modo comedido)
6.4.3. Análise dos quadros p.143
- Informação essencial é semelhante
- Os propósitos de cada movimento indica sua ordenação: inicial, partes, final.
- Pelos mov retóricos dos txts, os usuários bras não teriam qquer prob de reconhto da organização das infs e vice-versa
1o mov ret: apresentação e avaliação inicial do livro (p.143)
- Em port, o 1o mov tem mais subfunções
- Ambos definem assunto., situa em det área de est., e avalia a publicação.
- Em port, (+)inf sobre o autor, destaca-o → (+) atitude de julgto.
- Tendem a abrir com comentários positivos.
- Maior incidência de juízos negativos: 5,9% Bras. X  24% USA
2º mov ret: descrição e avaliação de partes do livro (p.144)
- Mesmas subfunções: descrição da org. da obra; menção do assunto ou idéia princ. de cada parte; descrição + avaliação ou não, mas a avaliação permeia todo o mov. ret. (os americanos são mais incisivos, rigorosos ; bras → aval + posit.).
- Espaço onde se desenv. críticas ou elogios. Ingls tendem a criticar questões específicas e elogiar as globais. Os bras, como já fizeram a crítica no 1o mov, não criticam, apenas descrevem.
3o mov. ret: recomendação final sobre o livro (p.146)
- Reiteram o juízo expresso anteriormente.
- Manter certa cordialidade entre resenhado e resenhista, por ser um gen.q expressa juízo sobre o produto e a sua reputação é “potencialmente ameaçador” (p.149).
- Comentários acerca da qualidade da public e sua relevância: lacunas que ele preenche; o qto interessa ao público alvo.
- 80% bras. recomenda X 55% ingl. c/ restrições.
Obs: As críticas e elogios seriam as principais fontes de incompatibilidade entre a RA bras. e ingls, os brasileiros tenderiam a achar os anglo-americanos exagerados em enumerar defeitos e eles tenderiam em achar que as RA bras seria algo como “ação entre amigos”, o que desqualificaria a avaliação “por ser mais positiva que as expectativas genéricas permitiriam” (148).

7.      Conclusão
Candlin (l985): Dois enfoques para análise do discurso:
-         a organização e o mapeamento do discurso
-         as relações sociais e a interação
Gênero como ação social –relação de mão dupla entre manifestação textual e interação social
O gênero estrutura, organiza, enquadra e regula as ações sociais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário