sábado, 20 de julho de 2013

O QUE É ADOLESCÊNCIA



Ana Paula Natividade
Fernanda Santana Gomes
Raquel Teles Yehezkel









ADOLESCÊNCIA





Trabalho requisitado pela disciplina
Psicologia da Educação, ministrada
pela professora Raquel Martins.








Belo Horizonte 18 de outubro de 2007
Faculdade de Educação – UFMG

ESTE ESTUDO É PARTE DO TRABALHO FINAL PUBLICADO SOBE O TEMA: ADOLESCÊNCIA: ESTUDO DE CASO

1. INTRODUÇÃO: O QUE É ADOLESCÊNCIA

A adolescência é a fase da vida em que a pessoa se descobre como indivíduo separado dos pais. Isso gera um sentimento de curiosidade e euforia, porém também gera sentimentos de medo e inadequação. Um adolescente está descobrindo o que é ser adulto, mas não está plenamente pronto para exercer as atividades e assumir as responsabilidades de ser adulto. Assim sendo ele procura exemplos, de pessoas próximas ou não – ídolos artísticos ou esportivos, entre outros – para construir seu caráter e seu comportamento.
Também é visível a necessidade do adolescente de contrariar a vontade ou as idéias dos pais. Esse comportamento opositor aos pais acontece em decorrência da necessidade do adolescente de separar-se dos pais, ser diferente deles, para construir sua própria identidade como pessoa. Ao mesmo tempo, o adolescente pode não se ver capaz ainda de separar desses pais, gerando nele um sentimento de medo. De um lado a necessidade de separar-se dos pais para ser um indivíduo diferente e de outro lado a dificuldade de assumir a posição adulta (com suas responsabilidades e desejos) levam o adolescente a uma fase de intensa confusão de sentimentos, com uma constante mudança de opiniões e metas, e com um comportamento bastante impulsivo.
A adolescência e, especificamente a entrada na adolescência por volta dos treze anos de idade, traz à criança, aos pais e professores momentos angustiantes de “choques” entre gerações. É uma fase em que o futuro adulto já deseja demonstrar sua pretensa capacidade de gerir as suas ações.
Pais e professores, ao longo da adolescência das crianças, as orientam e exercem influências sobre suas condutas e posturas a fim de que os ajustes comportamentais que ainda sejam necessários efetivem-se para serem assumidos na vida e em todos momentos de complexidade. Logo, vislumbram-se os confrontos entre gerações. Confrontos necessários e vitais para a interação, trocas de experiências e então, amadurecimento, ajustes e condições para a vida adulta.
Os adolescentes naturalmente enfrentam problemas relacionados a sua auto-imagem e a sua aceitação em grupos. Podem também apresentar condutas opositoras às regras e normas da sociedade e constantes questionamentos. Tudo isso faz parte de um ciclo natural de crescimento e amadurecimento do indivíduo, através dessa fase ele deixa a infância para assumir a vida adulta. Entretanto, cabe refletir que alguns adolescentes podem exacerbar tais comportamentos e atingir um comportamento anti-social que pode potencializar ocorrências e experiências que os coloquem em risco, além de trazer enormes dissabores para seus familiares.
 Os pais de adolescentes experimentam dificuldades para diferenciar problemas de incapacidade e desobediência. Muitas vezes, a incapacidade de tolerar frustração que alguns adolescentes experimentam geram discussões e confrontos constantes. Outras tantas, a impulsividade é interpretada como desrespeito.
Essa fase de desenvolvimento é caracterizada por uma oposição natural às regras, através da qual o adolescente anseia tornar-se autônomo e demonstrar independência. Ele deseja deixar o lugar da criança para tornar-se adulto. Para tanto, busca desafiar normas e estabelecer outras; pretende com esse comportamento dizer que tem condições de se responsabilizar por sua vida.
Naturalmente, o adolescente ainda não está totalmente pronto para assumir tamanha responsabilidade. Vive-se um ritual de passagem, uma preparação. Então, ocorre-se o choque entre as gerações. De um lado, os pais, professores e demais representantes da geração anterior a do adolescente estão sempre a lembrar-lhe de que normas e regras existem e que às vezes são imutáveis e que a vida na sociedade prescinde delas. Por outro lado, procura experimentar e testar as regras para verificar se são imutáveis e necessárias.
O adolescente vivencia densamente essas nuances. A falta de concentração traz uma dificuldade em refletir sobre o que se é certo ou errado; sobre o que é necessário ou não. A impulsividade exacerba ainda mais o desafio às convenções sociais.


2. REFERENCIAL TEÓRICO

Os referenciais teóricos em que se baseiam este estudo são as leituras e discussões realizadas durante o curso, sobre psicologia do desenvolvimento humano e da educação. Este estudo pretende relacionar os dados colhidos junto ao adolescente com as concepções de:

2.1. Jean Piaget de que no processo de desenvolvimento e de aquisição de conhecimentos não há “erros”, mas tentativas de compreender o mundo por meio de perguntas e respostas baseadas na experimentação, estabelecendo hipóteses e princípios, e reelaborando-os progressivamente (SOARES, 2005).
2.2. Lev Vigotsky que concebe a aprendizagem como um processo mediado, individual e coletivo que faz despertar processos internos de desenvolvimento que envolvem memória, consciência e emoção, aos quais se somam o próprio desenvolvimento, a linguagem e o papel da cultura; com ênfase para o conceito de “Zona de Desenvolvimento Proximal”: distância entre o que o aprendiz é capaz de resolver com autonomia e o nível potencial que ele pode atingir com a mediação de um adulto ou companheiros mais capazes (GOMES, 2005).
      2.3. José Eduardo Santos (2004, p. 30) que concebe a adolescência como “uma etapa do desenvolvimento humano, parte do ciclo vital, que tende a uma universalização, mas ao mesmo tempo, mantém suas particularidades em cada pessoa e em cada contexto onde ela está inserida e sendo experienciada.” Conforme salienta Santos, entre as Ciências Sociais e a Psicologia, começa a existir um consenso de que:
a adolescência não pode ser definida somente em termos de mudanças biológicas, mas sim como um complexo processo de desenvolvimento psicossocial, caracterizado por importantes mudanças nos mais diversos níveis, desde a socialização até a inserção em âmbitos característicos da vida adulta, pautados sobre novas responsabilidades sociais, culturais e afetivas.
                                                   [...]
Há, na adolescência, um movimento que parte da infância rumo a idade adulta, caracterizando-se como intenso período de transição, repleto de mudanças nos níveis biológico, cognitivo e social, que podem ser melhor compreendidas levando-se em conta o ambiente social e de interação dos adolescentes na família, no bairro, nas amizades e nos mais variados contextos de desenvolvimento. (SANTOS, 2004. p. 30-31).

      Sobre essa distinção entre adolescência e juventude, Waiselfisz (1998, p. 17) citado por Santos (2004, p. 32) coloca que, segundo a Organização Mundial de Saúde:
(...) a adolescência constituiria um processo fundamentalmente biológico durante o qual se acelerariam o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade. Abrangeria a as idades de 10 a 19 anos, divididas nas etapas pré-adolescência (de 10 a 14 anos) e adolescência propriamente dita (de 15 a 19 anos). Já o conceito de juventude resumiria uma categoria essencialmente sociológica, que indicaria o processo de preparação para os indivíduos assumirem o papel de adultos na sociedade, tanto no plano familiar quanto no profissional, estendendo-se dos 15 aos 24 anos.

      Nos termos legais do Estatuto da Adolescência (1990) a adolescência brasileira é postulada entre os 12 e os 18 anos. Silva e Hutz (2002) criticam essa fundamentação etária e enfatizam que:

(...) a adolescência é um período de fronteiras nem sempre demarcadas com o rigor que se espera. Ela existe em uma tênue rede de experiências e processos que varia de pessoa para pessoa, cada qual constituindo o seu processo de formação nas interações com os contextos de desenvolvimento disponíveis (p.155).

Santos ( 2004, p. 44) assume a adolescência como: “(...) construção psicossocial subjetiva, pessoal, tendendo a uma concepção múltipla do termo, identificando as diferenciações e as características individuais e contextuais como formuladoras de uma síntese, cujo termo mais apropriado e aproximativo poderia indicar a existência de adolescências”.
Durante a fase da adolescência faz-se importante a existência de redes de apoio social e afetivo, composta de pessoas significativas, o estabelecimento de elos de relacionamento, as oportunidades de desempenhar novos papéis, que promovem novas fontes de satisfação pessoal, bem estar e saúde mental. A respeito da exclusão social Santos (2004, p. 55) assevera que:
Enquanto fenômeno multidimensional, a exclusão social pode levar a diversas formas de trajetórias de desvinculação no mundo do trabalho e das relações sociais, como a fragilização dos vínculos com a família, comunidade, vizinhança e instituições, produzindo rupturas que conduzem ao isolamento social e à solidão.

2.4. Sigmund Freud, segundo Margarete Miranda (2001, p. 21-22):
Freud diz que o “mal-estar do ser humano na civilização” é originário de três fontes: o corpo, as relações com os outros e o mundo exterior. Na adolescência, esses três pontos convergem, e o jovem vivencia uma angústia em dose tripla: o corpo que vê no espelho lhe é estranho, desconhece a si mesmo na relação com os outros; e o mundo é atraente e ameaçador ao mesmo tempo. Aprendeu a amar com os pais, mas o que é da ordem do sensual, assegura Freud, deverá ganhar outro destino fora do enredo familiar. Aos pais resta a quota de ternura, tão difícil de expressar nesse momento confuso. Buscando fugir do real avassalador, o adolescente tenta encontrar a perfeição e a complementaridade na parceria amorosa.

 
BIBLIOGRAFIA

GOMES, Maria de Fátima e MONTEIRO, Sara Mourão. A aprendizagem e o ensino da linguagem escrita.. Belo Horizonte: Ceale, Fae, UFMG, 2005.
MIRANDA, M.P. Introdução – O namoro na escola – Violência na escola em: Miranda, M.P. Adolescência na escola – soltar a corda e segurar a ponta. Belo Horizonte: Formato, 2001.
PIAGET, J. Gênese e estrutura na psicologia da inteligência – O desenvolvimento mental da criança em: Piaget, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
REGO, T.C. Ensino e constituição do sujeito em: Viver: mente e cérebro – Lev Semenovich Vigotsky: Uma educação dialética. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Segmento-dueto, 2005.
SANTOS, J.E.F. Introdução e A adolescência brasileira: entre o risco e o desconhecimento em: Santos, J.E.F. Travessias – adolescência em Novos Alagados: trajetórias pessoais e estruturas de oportunidade em um contexto de risco psicossocial. Bauru: Edusc, 2005.
SOARES, Magda Becker e BATISTA, Antônio Augusto Gomes. Como aprendemos a linguagem. in: Alfabetização e Letramento. Belo Horizonte: Ceale, Fae, UFMG, 2005. p. 33-40.
VIGOTSKY, L.S. Interação entre aprendizado e desenvolvimento em: Vigotsky, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
GOMES, Maria de Fátima e MONTEIRO, Sara Mourão. A aprendizagem e o ensino da linguagem escrita.. Belo Horizonte: Ceale, Fae, UFMG, 2005.

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