sábado, 20 de julho de 2013

GÊNERO DISCURSIVO E TIPO TEXTUAL EM JANE QUINTILIANO SILVA



Tópicos em Lingüística Aplicada: Gêneros Textuais
Professora: Regina Peret Dell´Isola
Fonte: QUINTILIANO SILVA, Jane. Gênero Discursivo e Tipo Textual.
Belo Horizonte: Scripta, 1999. p.87-105
Alunas: Eli Ribeiro dos Santos / Liane Mª Cardoso / Raquel Teles Yehezkel

 

 

ESTUDO DIRIGIDO


1-     Há uma confusão terminológica entre “tipo textual” e “gênero discursivo”, usadas indistintivamente para designar textos produzidos na e pela sociedade e ao mesmo tempo para referir-se aos modos de organização discursivos nele atualizados. A autora defende a diferenciação conceitual das duas formas.

2-     A autora se propõe a fazer uma reflexão sobre o funcionamento das noções “tipo textual” e “gênero discursivo”, apresentando uma distinção de natureza teórico-metodológica por considerar-se que cada uma delas categoriza realidades diferentes do funcionamento do discurso.

3-     O objetivo da autora é mostrar que o mais importante não é o nome atribuído à noção “tipo textual” ou “gênero discursivo”, mas sim, a possibilidade de identificá-los, apreendendo seu funcionamento no processo de análise.

4-     A noção de “tipo textual” comporta uma rede de significações que pressupõem diversas formas de apreensão do funcionamento da linguagem, o que concede a ela um tom escorregadio e camaleônico. “Gênero discursivo” reporta-se ao funcionamento da língua em práticas comunicativas reais e concretas, constituídas por sujeitos que interagem nas esferas das relações humanas e da comunicação.

5-     As dimensões definidoras da natureza dos princípios tipológicos:
·        as propriedades internas à constituição do texto (plano microestrutural).
·        modelos cognitivos culturalmente adquiridos em relação com a macroestrutura textual (esquema global ou superestruturas).
·        os tipos de seqüências (macro) proposicionais.
·        atitude enunciativa que o locutor assume em relação ao seu objeto de dizer e ao interlocutor (modos de organização discursivos).
·        os domínios institucionais ou as formações discursivas em que se inscrevem o discurso.
     
6-     Funciona como um termo que cobre e designa fenômenos bastante diversos quanto à natureza e ao funcionamento do texto, um generalizador usado por vários autores, que certamente não operam com a mesma noção de tipo textual.

7-     A noção de tipo textual parece construir-se sobre parâmetros das condições objetivas de uso e função pragmática dos textos. Os tipos textuais se manifestariam dentro dos gêneros discursivos narração e carta, por exemplo, representam fenômenos da linguagem que, do ponto de vista teórico-metodológico, possuem natureza heterogênea, cujos princípios de organização impõem delimitações no interior do objeto de estudo. A autora considera a narração, a argumentação e/ou a injunção, etc., como tipos de operações textual-discursivas que podem se atualizar no texto da carta, entrevista, etc., estes representativos de práticas correntes sócio-comunicativas da sociedade.

8-     As práticas correntes sócio-comunicativas (gêneros discursivas) de nossa sociedade provocariam um redimensionamento devido à delimitação, a extensão e a natureza do objeto de estudo, por pressupor que tais fenômenos se organizam em um mesmo quadro por estarem implicados e não mais por serem conjugados.

9-     Para Bakhtin a heterogeneidade dos gêneros são aqueles produzidos por e em uma sociedade, dada a diversidade das esferas da atividade e da comunicação humana, as quais refletem a diversidade das relações (inter e intra) sócio-culturais dos grupos sociais, gêneros discursivos, cujas extremidades estariam a conversação espontânea e do outro, os artigos de vulgarização científica.

10-  Gênero para reporta ao funcionamento da língua em práticas comunicativas reais e concretas, construídas por sujeitos que interagem nas esferas das relações humanas e da comunicação, num sistema continuo de situações discursivas. Cada esfera do uso da língua potencializa os seus próprios gêneros, determinando as formas genéricas e relativamente estáveis de manifestação dos discursos, no que tange aos aspectos temático, estilístico e composicional.

11-  Se submetem aos seus processos de produção e de recepção e ao seu circuito de difusão, a saber: a instância social de uso da linguagem (pública ou privada); os interlocutores (locutor e destinatário); o lugar e o papel que cada um desses sujeitos representa no processo interlocutivo, que sofrem injunções do lugar social que cada um ocupa na sociedade; a relação de formalidade ou não entre eles; o jogo de imagem ali presente e o jogo de vozes socialmente situadas, orientando o que pode ou não ser dito e como fazê-lo; a atitude enunciativa do locutor (intuito discursivo) em relação ao seu objeto de dizer e ao seu destinatário; as expectativas e finalidades deste aliadas à sua atitude responsiva; o registro e a modalidade lingüística e o veículo de circulação.

12-  Relações intersubjetivas dizem respeito ao intuito discursivo do locutor (o querer dizer) e à atitude responsiva do destinatário. Segundo Bakhtin “o índice constitutivo do enunciado é o fato de dirigir-se a alguém, de estar voltado para o destinatário. (...) Elabora-se (o enunciado) em função da eventual reação-resposta (...) As diversas formas típicas de dirigir-se a alguém e as diversas concepções típicas do destinatário são as particularidades constitutivas que determinam a diversidade dos gêneros discursivos”.

13-  Gêneros primários: discursos que se constituem em instâncias privadas, em esferas vinculadas às atividades cotidianas e/ou íntimas (conversações no âmbito familiar, entre amigos, cartas pessoais, bilhetes, diário, etc).
Gêneros secundários: discursos que se constituem em instâncias públicas, em esferas vinculadas às atividades socioculturais, com caráter relativamente mais formal (conferências, biografias, documentos, sermões, ritos jurídicos, reportagens, teses, etc).

14- A transmutação de um gênero ocorre quando este é absorvido por outro. Isso acontece em situações comunicativas da vida cotidiana, quando o gênero é deliberadamente alterado pelo sujeito. Exemplo: ao usar a agenda particular, o sujeito redimensiona seu uso e função pragmático-social (anotar compromissos e horários) para diário pessoal, em que anota impressões pessoais, momentos felizes ou tristes, etc.

15- Os textos, por possuírem um alto grau de estereotipia, por exibirem formas estáveis de manifestação no discurso, trazem, muitas vezes, na superfície textual, algumas marcas lingüísticas previsíveis e identificáveis. A escolha, por parte do sujeito, de  determinado recurso lingüístico, dentre outros disponíveis ou virtualmente possíveis, reflete a ação individualizada desse sujeito sobre os processos existentes. Ao gênero a ser utilizado, leva em conta seu projeto discursivo, o seu destinatário e a instância de uso da linguagem.

16- "Tipo textual" é uma noção que remete ao funcionamento da constituição estrutural do  texto, ou seja, um texto pertencente a um dado gênero discursivo que pode trazer na sua configuração vários tipos textuais como a narração, descrição, dissertação/argumentação e injunção, que confeccionam a tessitura do texto, que constituem a estrutura composicional do texto segundo os padrões do gênero.

17-  É uma noção que se define pela determinação das relações internas da organização estrutural do discurso concretizadas no texto, as quais se dimensionam à luz do projeto discursivo do locutor. Categoria que se presta a pensar e caracterizar o funcionamento de um dos planos constitutivos do texto – a estrutura interna da configuração textual.

18-  As operações textual-discursivas, construídas pelo locutor em função de sua atitude discursiva em relação ao seu objeto do dizer ao seu interlocutor. o que se busca é o fazer e o agir do outro, após a ação de quem enuncia.

19-  Os “objetos” escolhidos para montar os enunciados já possuem dentro da estrutura do texto uma função, relacionando uns aos outros, formamos um dado texto. O resultado dessas relações forma uma estrutura maior, os enunciados, o texto em si, mas cada um possui um papel único e específico.

20-  Os variados modos discursivos ou tipos textuais assumem formas e funções variáveis e específicas, dada a natureza do gênero a que pertence o texto. A autora avalia que proposta feita não é pronta e acabada e cabe a casa pesquisar identificar qual linha teórica está seguindo, para assim identificar-se qual a melhor nomenclatura. Volta a frisar que o importante é voltar a atenção mais para a conceituação e menos para os nomes em si.

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